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“Há tantas assexualidades como pessoas assexuais”



A homossexualidade e a bissexualidade são termos em processo de adaptação social e apesar de todas as dúvidas e desacordos, a grande massa compreende o seu significado. Mas e a assexualidade? É com base neste tema que Rita Alcaire, antropóloga e aluna de doutoramento em Direitos Humanos no CES, desenvolve a sua tese, nomeada Pensar a sexualidade em Portugal pela lente dos Direitos Humanos.

A antropóloga queria perceber o porquê de existirem ângulos cegos neste contexto e de que forma poderia contribuir. De modo a conseguir alguns testemunhos, Rita criou a plataforma e a página de facebook Assexuais em Portugal, uma comunidade online para a partilha de experiências assim como de recursos e informação sobre a assexualidade, que com uma rápida adesão gerou reacções positivas. “Não foi preciso muita divulgação, as próprias pessoas sentiam necessidade da plataforma.”

A assexualidade é uma orientação sexual descrita pela ausência de atração sexual por outras, independentemente do sexo ou género. Contudo, este conceito é mais do que uma única definição, reflectindo-se na sua grande diversidade. “Há tantas assexualidades como pessoas assexuais.”


Ao longo da investigação surgiu um curioso traço comum em todas as pessoas assexuais com que Rita teve contacto: não sentiam que havia algo de errado até serem confrontadas com o discurso da sociedade, seja médico, jurídico ou da comunicação social.

A investigadora reforça, então, a importância da criação de um vocabulário para as pessoas que se identificam assexuais se expressarem e comunicarem como pessoas válidas, utilizando-o como ferramenta discursiva e não como rótulo, de forma a possuírem mais controlo sobre aquilo que é dito sobre cada um deles.


“Não é uma questão de fé: eu acredito/não acredito. A diversidade sexual tem de ser reconhecida, só assim os diferentes problemas poderão ser resolvidos.” Frequentemente surgem conceitos como tratamento ou problema associados à palavra assexualidade quando se fala sobre o assunto. Rita Alcaire reforça a importância das palavras e explica que as pessoas não conhecem o conceito e acabam por censura-lo quando o conhecem.


O conceito tem vindo a ganhar visibilidade, com eventos organizados por pessoas de todo o mundo para partilharem experiências e demonstrarem que são pessoas que lutam pelo direito à dignidade. Mostrar que a assexualidade existe é o ponto de partida deste trabalho visto à lente dos direitos humanos. “A grande luta da assexualidade é a visibilidade. A mensagem que eu quero deixar com esta investigação é que a assexualidade existe.”



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